DISTÚRBIO DE LEITURA E ESCRITA

A escrita é uma forma de comunicação, e existe para o indivíduo a partir do momento em que este já pode ler. Quando o indivíduo se depara com sinais gráficos que não pode ler a comunicação perde sua função. A leitura tem a função de tornar a escrita significativa e deve ser valorizada no processo de alfabetização, pois é uma prática social.

O distúrbio de leitura e escrita é caracterizado pela dificuldade na aquisição e/ou desenvolvimento da linguagem escrita. Geralmente são crianças que apresentam déficits tanto na decodificação fonológica quanto de compreensão da linguagem oral e/ou escrita.

As manifestações são evidentes durante o aprendizado da leitura e escrita, nos anos pré-escolares podem aparecer alguns sinais de dificuldades mais amplas de linguagem tais como vocabulário pobre, uso inadequado da gramática e dificuldades no processamento fonológico.

Nos anos inicias da escolaridade, além de dificuldades no reconhecimento das palavras e de compreensão na leitura, podem demonstrar dificuldades em manter a atenção e narrar fatos e acontecimentos, e problemas de compreensão do discurso, com freqüência, apresentam uma relação de sofrimento com a escrita, desinteresse pelas atividades de leitura e escrita, desconhecimento a cerca de suas funções, frustrações e inseguranças geradas pelos erros que cometem enquanto leitor e escritor

Os distúrbios de leitura e escrita têm causas variadas, podendo ser orgânicas, psicológicas, pedagógicas ou sócio-culturais.

O fonoaudiólogo atua nesta área promovendo o entendimento da funcionalidade da escrita e da leitura, e no estabelecimento de uma relação satisfatória e prazerosa na elaboração, interpretação e organização de textos

Gagueira

GAGUEIRA

A gagueira é uma desordem da fala e não faz parte do desenvolvimento normal de linguagem. Durante a infância, nos anos de aquisição de linguagem é comum que existam períodos variáveis no grau de fluência, decorrentes do amadurecimento neuromotor e das incertezas quanto a que palavra usar e em que estrutura frasal ela fica mais adequada. .

A gagueira decorre de uma pré-disposição hereditária, que associada à fatores estressantes como dificuldade de estruturação gramatical, problemas psicológicos e ambiente conturbado; leva à manifestação dos sintomas.

Ainda não se sabe com exatidão como se dá a interação entre os genes e os fatores ambientais. O que se sabe é que o componente genético parece ser responsável, tanto pelas manifestações mais graves quanto pelas mais brandas da patologia, atuando até mesmo como fator de recuperação espontânea.

As rupturas no fluxo da fala decorrem de alterações na ligação entre a elaboração do que se deseja falar e na produção oral da fala, ou seja, uma falha na conexão entre cérebro e boca.

As situações que geram ansiedade tornam a fala mais difícil para todos, sejam gagos ou fluentes. Não existe conexão entre a causa da gagueira e um déficit de inteligência. Sendo assim, ninguém apresenta 100% de fala fluente e o indivíduo que apresenta alteração na fluência pode ser considerado gago ou apenasdisfluente (dependendo da quantidade a da tipologia das rupturas em seu discurso).

No caso das crianças, é importante observar se a gagueira está ocorrendo há mais de seis meses, assim como, ficar atento a que tipo de rupturas ela está apresentando, uma vez que existem as rupturas comuns (que ocorrem normalmente na fala) e rupturas gagas (que estão presentes apenas em pessoas com gagueira).

Em adultos a atenção à fala deve focar também o tipo de ruptura presente e em que circunstâncias ocorrem com mais freqüência, este aspecto é importante porque diante do público, falando sobre um assunto que não dominamos e para pessoas desconhecidas, é normal aparecer falhas na fluência.

Quando a gagueira é detectada é essencial que um auxílio profissional de médico e fonoaudiólogo seja providenciado, profissionais estes que avaliarão e promoverão o tratamento desta patologia.

Distúrbio de deficiência Auditiva

DISTÚRBIO DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA

A audição desempenha um papel importante e decisivo no desenvolvimento da comunicação e funciona como sistema de alerta não para nem quando dormimos.

A deficiência auditiva, que é diminuição do limiar auditivo, pode acometer a qualquer pessoa independente da idade. De cada 1.000 bebês nascidos vivos, entre 10 a 12 nascem com um tipo de deficiência auditiva. É possível detectar a perda da audição adquirida ou congênita logo nos primeiros dias de vida e iniciar um intervenção efetivo até os 6 meses de idade.

A deficiência auditiva pode ser classificada em leve, moderada, severa e profunda

  • Audição normal: limiares entre 0 a 24 dBNA (Nível Auditivo)
  • Deficiência auditiva leve: entre 25 a 40 dBNA
  • Deficiência auditiva moderada: entre 41 a 70 dBNA
  • Deficiência auditiva severa: entre 71 a 90 dBNA
  • Deficiência auditiva profunda: acima de 91 dBNA

Conforme o grau da perda auditiva existem vários tipos de intervenção que variam de simples tratamentos até adaptação de aparelho de amplificação sonora individual (AASI), ou até em alguns casos havendo a indicação de implantes cocleares.

Existem três tipos de deficiências auditivas são: as condutivas, neurossensoriais ou mistas.

Deficiência Condutiva

São aquelas que acometem o caminho da condução do som. É causada por um problema localizado em orelha externa e/ou média até chegar a orelha interna. Esse tipo pode ser causado por: corpo estranho no conduto externo, rolha de cera, otite externa e média, mal formação congênita do conduto auditivo, inflamação e/ou perfuração da membrana timpânica, obstrução da tuba auditiva, otosclerose e outras.

Deficiência Neurossensorial

É quando há qualquer alteração na recepção do som, seja por lesão das células ciliadas em orelha interna ou no nervo auditivo. Vários fatores causam esse tipo de perda auditiva, uma delas é a origem hereditária como problemas da mãe no pré-natal (tais como a rubéola, sífilis, herpes, toxoplasmose, alcoolismo, toxemia, diabetes etc), ou causada por trauma físico, baixo peso no nascimento por prematuridade, trauma de parto: meningite, encefalite, caxumba, sarampo etc.

Deficiência Mista

Ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associado à lesão do órgão sensorial ou nervo auditivo.

Deficiência Auditiva Central

Este tipo de deficiência não é necessariamente acompanhado de diminuição da sensibilidade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade

Como reconhecer um individuo com perda auditiva

A perda auditiva é um problema grave que não se consegue ver nem tocar, sendo assim, pode haver demorar a detectá-la. Para as crianças, o diagnóstico tardio de um problema nas vias auditivas pode prejudicar o seu desenvolvimento de linguagem e conseqüentemente o seu processo de aprendizagem.

No caso de crianças, os pais e ou responsáveis devem observar as reações auditivas da criança:

  • Nos primeiros meses de vida o bebê reage a sons como bater de porta, vozes, assustando-se, piscando e até chorando. Por volta dos quatro ou cinco meses a criança procura a fonte sonora virando a cabeça e corpo. Se o bebê não reage á sons, os pais devem ficar atentos e procurar orientação médica.
  • Deve-se estar atento a crianças que assistam televisão em volume alto ou próximo do aparelho;
  • Pede para repetir varias vezes o que foi dito;
  • Problemas de concentração na escola;

Os problemas comportamentais também podem estar associados a dificuldades auditivas, até uma pequena perda na capacidade de percepção auditiva, pode influenciar no comportamento e desenvolvimento da criança.

Exames utilizados para detectar qualquer distúrbio da audição:

  • Audiometria Tonal e Vocal
  • Audiometria condicionada Infantil
  • Imitânciometria
  • BERA – Audiometria de tronco encefálico (utilizado em casos em que a audiometria comum não seja efetiva).
  • Emissões Otoacústica (EOA) – Mais utilizado em bebês ainda no hospital, conhecido como TESTE DA ORELHINHA. Este exame já é reconhecido através da legislação, conforme Portaria SAS/MS n. 587 de 07 de Outubro de 2004 e que se torna obrigatoriedade na rede pública.
  • Teste de Processamento Auditivo – em casos de comprometimento no processamento das informações recebidas. Este teste é indicado para crianças em processo de aprendizagem.

Atrasos de Aquisição de linguagens

ATRASOS DE AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM

A aquisição da linguagem é o processo pelo qual a criança aprende sua língua materna.
É através da linguagem a criança tem acesso, antes mesmo de começar a falar, a valores, crenças e regras, adquirindo os conhecimentos de sua cultura. A medida que a criança se desenvolve e cresce, seu sistema sensorial, incluindo a audição e a visão, se tornam mais apurados e refinados e, desta forma ela alcança um nível linguístico e cognitivo mais elevado.
Para falar, são necessários dois aspectos:
1. Aspectos físicos:
– Possuir o centro de linguagem íntegro (sistema nervoso central)
– Possuir o aparelho fonador íntegro (estruturas envolvidas no processo de fala: musculatura orofacial e órgãos fonoarticulatórios como língua, lábios, pregas vocais)
2. Aspectos do meio ambiente:
Escutar, aguardar e observar o que a criança tem à manifestar: gestos, vocalizações e olhares, procurando dar sentido a esses comportamentos,
estímulos do meio ambiente  e meio social na qual a criança esta inserida,
oferecer segurança física e afetiva.
A linguagem corresponde ainda a uma das habilidades mais especiais e significativas dos seres humanos, envolve o desenvolvimento de quatro sistemas interdependentes: o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem num contexto social; o fonológico, envolvendo a percepção e a produção de sons para formar palavras; o semântico, respeitando as palavras e seu significado; e o gramatical, compreendendo as regras sintáticas e morfológicas para combinar palavras em frases compreensíveis. Os sistemas fonológicos e gramaticais conferem à linguagem a sua forma.
No desenvolvimento da linguagem, duas fases  podem ser reconhecidas: a pré-lingüística, em que são vocalizados apenas fonemas (sem palavras)- até aos 11-12 meses de idade; e, posteriormente, a fase lingüística, momento em que a criança começa a falar palavras isoladas com compreensão. A criança vai progredindo nesta escala de complexidade no processo de aquisição, que é contínuo, devendo ocorrer de forma ordenada e sequencial.
Os estágios de desenvolvimento em aquisição da linguagem

A trajetória do desenvolvimento da linguagem se dá  passando pelos seguintes estágios (de uma forma aproximada, tendo em vista a singularidade de cada criança):

  • balbucio – produção de sons: vogais (3-4 meses); consoantes e vogais (em torno dos 6 meses);
  • primeiras palavras – entre os 10 e 12 meses;
  • enunciados de uma palavra – em torno dos 12 meses;
  • crescimento vocabular grande – entre os 16 e 20 meses;
  • fase telegráfica – primeiras combinações de palavras, entre os 18 e 20 meses;
  • explosão vocabular – entre os 24 e 30 meses;
  • domínio das estruturas sintáticas e morfológicas – entre os 3 anos e 3 anos e meio;

É importante ressaltar que devemos estar atentos a intenção comunicativa das crianças, isto é, à intenção de comunicar-se e expressar-se. Esta intenção pode ser demonstrada através da linguagem não oral por mudanças na mímica facial, utilização de gestos, produção de sons de forma contextualizada, etc.

Atraso de linguagem

O atraso de linguagem caracteriza-se pela ausência ou retardo no surgimento da linguagem oral, na idade em que isso normalmente ocorre.
As causas mais freqüentes do atraso de linguagem são:

  • estimulação ambiental deficiente
  • bilingüismo
  • fatores hereditários
  • problemas orgânicos
  • distúrbios emocionais

O atraso de linguagem se manifesta de forma evolutiva não satisfatória ou com dificuldades através de: vocabulário deficiente para a idade; dificuldade para estruturar sentenças;  dificuldade para organizar o pensamento; dificuldade de compreensão; dificuldade para relatar fatos acontecimentos ou vivenciados; narrativa truncada apoiada em gestos e fala ininteligível geralmente acompanhada de alteração na articulação.
É importante não deixar de considerar o fato de que há uma considerável variação individual nos padrões do crescimento do vocabulário inicial de cada criança, nem todas as crianças apresentam as mesmas respostas, em termos de aquisição de linguagem.
O tempo de tratamento varia de um indivíduo para outro e também de outros fatores como: aceitação e motivação do paciente, ambiente familiar, causa do problema, etc.